Essencialmente o Gnosticismo afirma que não somos seres deste mundo. Apesar de inegavelmente possuirmos corpos materiais (que podem muito bem ter surgido de acordo com o que se costuma pensar dentro da corrente cientifica da teoria da evolução) a nossa essência (ou seja o Espírito) vem de longe, da Verdadeira Fonte Divina e representa um fragmento dessa mesma Fonte. Ao reconhecer esta diferenciação entre essência espiritual e forma material o Gnosticismo recebe adequadamente o título de dualista. É necessário no entanto qualificar esse dualismo para não cair no erro perpetuado pelos antigos pais da Igreja Católica antiga que ao tentarem denegrir as correntes gnósticas tentaram fazer passar essa diferenciação por uma negação de tudo o que é material. Na realidade o gnosticismo cobre um conjunto de posições que podem realmente passar pelo ascetismo radical (tal como certas ordens monásticas Cristãs o fazem ainda nos dias de hoje) mas que mais geralmente passam apenas pelo reconhecimento da falibilidade de tudo o que é material – não é que, por exemplo, os gnósticos odeiem o corpo humano! Longe disso, a maioria de nós tira vantagem da nossas possibilidades terrenas. Simplesmente também reconhecemos que eventualmente o corpo nos vai falhar. É inevitável devido à falha inerente em toda a criação.
Apesar de os seres humanos possuírem esta faísca ou chama Divina a maioria de nós não se apercebe da sua verdadeira natureza e como tal estão destinados a continuarem a ser escravos dos elementos terrenos e do materialismo (que se pode manifestar por um hedonismo sem objectivos, obsessão com a posse de bens materiais ou simplesmente uma vivência meramente secular adormecida às verdades espirituais). Esta ignorância das realidades divinas torna-nos escravos inconscientes dos Arcontes, os servidores do falso deus, o Demiurgo.
Apesar deste cenário aparentemente pouco positivo há esperança. O Espírito humano adormecido consegue sentir o chamamento Divino através dos Mensageiros da Luz. Estes seres provêm do Verdadeiro Deus e descem desde as mais altas realidades espirituais através das várias esferas até ao mundo material para acordar a multidão adormecida e ajudá-los no seu caminho à reunião com o Divino – alguns destes mensageiros míticos terão sido Seth, Jesus e Mani; e a maioria dos gnósticos reconhece Jesus como a principal figura salvífica desta era. Por este caminho o gnóstico espera ser salvo, não de um pecado original (que ninguém cometeu) mas da ignorância e sempre trabalhando dentro dos mitos e visão gnóstica.
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